Universidades precisam preparar profissionais capazes de empreender com inteligência, competência e inovação

Apenas 50% das instituições de ensino superior possuem núcleos de empreendedorismo

  • Por Wilson Victorio Rodrigues
  • 28/09/2023 10h00
javi_indy/Freepik Grupo multiétnico de estudantes de universidade Universidades devem focar em disciplinas empreendedoras, com conteúdos que desenvolvam habilidades capazes de formar gestores financeiros

Tenho a honra de coordenar um grupo de trabalho composto por mais de 40 dirigentes educacionais (incluindo reitores, diretores e coordenadores acadêmicos), de uma rede chamada MetaRed X, patrocinada pelo Santander Universidades, cujo trabalho consiste no desenvolvimento de ambientes favoráveis ao empreendedorismo nas universidades. O grupo também conta com o importante apoio da ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior).

Recentemente, as citadas entidades, em parceria, realizaram uma pesquisa dando conta de que apenas 50% das IES (instituições de ensino superior) possuem núcleos de empreendedorismo. Dentre as que sinalizaram não possuir o núcleo, 42% das respondentes indicaram a ausência de infraestrutura adequada como a principal causa dessa condição. Além disso, apenas 32,9% responderam existir uma incubadora ou startup originada desse núcleo.

O cenário preocupa, pois sabemos da importância do empreendedorismo para os jovens, ainda mais em tempos de economia criativa. Tenho insistido na necessidade de as IES focarem em disciplinas empreendedoras, com conteúdos que desenvolvam habilidades técnicas capazes de formar gestores financeiros, com o domínio de ferramentas digitais de gestão e planejamento financeiro; gestores comerciais, que dominem marketing digital e funil de vendas; relacionamento com o cliente, o que envolve pós-venda/fidelização; além das soft skills, ou “habilidades comportamentais”, tão necessárias à vida empreendedora, incluindo resiliência, empatia, criatividade, adaptabilidade, liderança, paciência etc.

Noto que as IES encontram dificuldades na criação de ambientes acadêmicos favoráveis ao empreendedorismo, mas, coordenando o grupo de educadores citado no preâmbulo deste artigo, descobri cases de sucesso, que merecem ser citados. Um deles é do Instituto Mauá de Tecnologia, reitorado pelo Prof. José Carlos Souza Jr., que valoriza o uso de laboratórios nos cursos de graduação, promovendo neles o encontro de graduandos de diversos cursos, o que resulta em um ambiente plural de conhecimento, tal qual são as empresas: administradores, engenheiros, projetistas, vendedores… Além disso, a instituição desenvolve projetos de iniciação científica demandados pelo próprio mercado, especialmente por empresas parceiras da IES. Encontraram, portanto, um modelo muito interessante de desenvolver o empreendedorismo entre os alunos, já que eles visualizam na prática o sentido dos conteúdos acadêmicos ministrados, aplicando-os com entusiasmo.

É preciso que as IES preparem profissionais capazes de empreender com inteligência, competência e inovação. Não é uma tarefa fácil produzir riqueza no mundo de hoje, mas as IES têm de criar seus próprios métodos/modelos a fim de qualificar os jovens para esse desafio. Por isso, pretendo, nos próximos artigos, continuar compartilhando com os leitores experiências que tenho conhecido nesse qualificado grupo de educadores do MetaRed X.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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